terça-feira, 1 de julho de 2014

O que eu não deveria ter engolido.

E daí que rolou de por coincidência na hora do beijo gay na novela ~clarina~ eu estar em um restaurante com amigos.
Na mesa da frente jantavam uma senhora, que pelos modos de vestir julguei como evangélica, sua filha e alguns netos, até aí tudo bem.
Na televisão a cena se desenrolava e notei a senhora a virar a cabeça e colocar insistentemente a mão nos olhos.
No momento do beijo ~selinho~ a senhora vira rápido a cabeça num 360° macabro (O exorcista) e pergunta ao garçon que se encontra de pé, babando em frente a televisão:
- Beijou??! Não acredito! Isso é um nojo!!
Ao que o garçom embasbacado apenas consente com a cabeça.
Os dois netos ainda sem nada entender olhavam da televisão para sua queridissima avó.
Alguns minutos mais tarde, passado o episódio ridículo, todos na mesa da frente ainda observavam a televisão que no momento exibia um comercial de outra novela.
Logo após tal palavra ser pronunciada por uma das atrizes da trama, eis que a adorável senhora fazendo uma graça com os netos, repete de boca cheia "assassino!".
Os pequenos riem, a velha cristã e defensora dos bons costumes também ri e nesse momento paro de observar  e volto a saborear minha água de coco gelada.
Fico ali pensando nos valores invertidos, na ignorância e no impacto que esse tipo de atitude provoca, meus amigos pensam o mesmo e terminam o jantar enquanto discutimos.
Assim todos nós vamos vivendo, alguns propagando a mensagem do preconceito, outros permitindo que ela seja propagada.
Deixando nossas crianças acreditarem que um noivado ou beijo entre duas moças é uma coisa inescrupulosa que precisa ser combatida publicamente.
Ao contrário, assassinato, vingança,  disputa por poder e dinheiro são coisas perfeitamente comuns e porque não dizer, normais?
Coisas essas que podem servir inclusive como entretenimento infantil numa mesa de jantar familiar.

Já decidi cá comigo, da próxima vez que coisa parecida se repetir na minha frente vou interferir não importando onde esteja e tenho esperança de que mais pessoas façam o mesmo.

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